Uma pessoa feliz com muitos amigos e um forte círculo social. São amigos íntimos, outros de longa data, e colegas que conheceu a pouco tempo. A amizade é uma das coisas mais importantes de sua vida. Com eles, ela compartilha expectativas, sonhos, e momentos de alegria, além da sensação de pertencer a algo maior. Assim pode ser definida um pouco do que é Maria Carmelita da Rocha, uma moradora do bairro Goiana, que fica na região Nordeste da capital mineira.
Sua alegria transborda. Ela mesma se define como uma pessoa extrovertida, que gosta de viajar, dançar e ser feliz. Tanto que não se esquece os dias que esteve na praia de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, ou quando foi no parque das Cachoeiras, na cidade de Congonhas, na região central de Minas Gerais, onde aprendeu a dançar lambada, um gênero musical e uma dança, que mistura de ritmos brasileiros e latino-americanos e fez muito sucesso nos anos 1980 e 1990.
Integrante do Coral da Igreja Santo Antônio de Pádua, localizada no bairro Goiânia, outra paixão dela é cantar. “É uma experiência marcante, que combina o prazer de cantar com aprofundamento espiritual e a comunhão com a comunidade. É uma forma de louvor a Deus, de partilha da fé e de celebração da vida”, explica.
Maria Carmelita da Rocha, que é chamada de vários apelidos carinhosos por seus amigos, completará 74 anos daqui há poucos dias, pois nasceu em 1º de maio de 1951, numa Fazenda chamada Santa Clara, na cidade mineira de São João da Ponte, onde seu pai, tios e avós trabalhavam. É a segunda filha de Pedro Ferreira da Rocha e Vitalina Alves dos Santos, além dela, dessa união nasceram também Valdita, Ilda, Maria dos Anjos, José Adão e José Vicente.
Infância – Carmelita faz parte de um grupo seleto de pessoas que traz consigo a felicidade lá do tempo de criança, quando vivia na fazenda Santa Clara. As recordações que ela tem desse tempo simples, mas fortaleceram e sustentaram seu sorriso diante das dificuldades que ela passou na vida. “Era enorme a simplicidade que nos rodeava, mas essas lembranças constituíam, na verdade, meus maiores tesouros”, afirma.
São inúmeras as memórias. Contudo as mais fortes são do momentos em que ela, ia com irmãos, amigos e primos, andavam a cavalo. “A gente caía, levantava e subia no cavalo novamente”, brinca. Também não esquece dos momentos em que ia colher uma fruta chamada ingá, que é geralmente colhida quando começam a cair da árvore ou logo após a queda. Elas são extremamente doces, tanto que na época certa, dizíamos estar açucaradas. Ainda consigo imaginar e sentir o sabor delas em minha boca”, diz.
Estudos – Carmelita não se lembra claramente, do nome da primeira escola onde fez os primeiros estudos, mas se recorda que ela ficava no bairro Serra Negra, na cidade de São João da Ponte. Também não esquece o nome da primeira professora, Marcília Vieira. Estudou da primeira até a terceira série do Ensino Fundamental neste local.
Mas teve que interromper os estudos aos 12 anos, quando foi enviada para Montes Claros para trabalhar como empregada doméstica. Seus chefes permitiam que ela estudasse, mas como ninguém providenciou a sua transferência de escola, ela teve que recomeçar do zero, se ingressou, de novo, na primeira série do Ensino Fundamental e nesta cidade, estudou a quarta série.
Carmelita se mudou para Belo Horizonte aos 16 anos e foi ser doméstica na casa de uma senhora que trabalhava na linha férrea e morava no bairro Floresta. Ficou somente um ano nesse trabalho, pois essa senhora mudou para Taquaraçu e Carmelita não quis acompanhá-los. Depois disso, trabalhou em vários locais como doméstica e como diarista. “A gente sofria várias humilhações, mas continuava porque não podia voltar para nossa cidade”, diz.
Em 1972, ela se casou com José Ferreira Campos, mas viveu com ele na mesma casa somente uns cinco anos e logo depois houve a separação de corpos. Deste relacionamento ela teve duas gestações. Na primeira, o filho nasceu vivo, contudo, morreu horas depois. Na segunda vez, Carmelita caiu de uma bicicleta e perdeu a criança com oito meses de gestação. Mesmo sem morar junto com José Ferreira, ela só se separou, oficialmente dele, após 32 anos de casamento. Ele morreu há pouco menos de 10 anos.
Um tempo depois disso, teve um relacionamento com Afonso Rodrigues, com quem teve a filha Daniele Aparecida, que atualmente tem 45 anos. “Sou a mãe mais feliz deste mundo por ter uma filha como ela ao meu lado. Ter essa filha é a forma como Deus me disse: você terá uma amiga verdadeira pelo resto de sua vida”, diz emocionada. E hoje, Carmelita tem um neto que se chama Christopher. Outra grande paixão de sua vida.
Uma de suas alegrias é ter conseguido sua casa própria, depois de ter sofrido muito para pagar aluguel por mais de 30 anos. Desde 2011, ela conseguiu comprar um apartamento por meio de programa do governo.